Transtono bipolar

A Terapia Cognitivo Comportamental no tratamento do Transtorno Bipolar

Terapia Cognitivo Comportamental. Conheça os benefícios que a TCC tem trazido para o tratamento do Transtorno afetivo bipolar.

O transtorno afetivo bipolar é um distúrbio psiquiátrico complexo. Sua característica mais marcante é a alternância, às vezes súbita, de episódios de depressão com os de euforia (mania e hipomania) e de períodos assintomáticos entre eles. As crises podem variar de intensidade (leve, moderada e grave), frequência e duração.

Ainda não foi determinada a causa efetiva do transtorno bipolar, mas já se sabe que fatores genéticos, alterações em certas áreas do cérebro e nos níveis de vários neurotransmissores estão envolvidos. Possui um forte componente biológico e sua principal forma de tratamento é através de medicamentos estabilizadores do humor. Porém, a psicoterapia tem se apresentado como um importante complemento para o sucesso do tratamento.

O Transtorno bipolar é uma doença crônica, que necessita de acompanhamento e controle por toda a vida. Assim, a cooperação e o envolvimento do paciente com o tratamento são muito importantes e para isto a terapia tem muito a contribuir.

A síndrome sofre influência de fatores de estresse e tem sérias consequências psicossociais, interpessoais e de diminuição da qualidade de vida. Uma porcentagem relevante de portadores não tem boa resposta aos tratamentos atuais, apresentando fases, apesar de adequadamente tratados. Há um grande espaço para o tratamento através da Terapia Cognitivo Comportamental – TCC.

A Terapia Cognitivo Comportamental tem como objetivo:

  1. Educar pacientes, seus familiares e amigos sobre o transtorno bipolar, seu tratamento e dificuldades associadas à doença;
  2. Ajudar o paciente a ter um papel mais ativo no seu tratamento;
  3. Ensinar métodos de monitoração da ocorrência, gravidade e curso dos sintomas maníaco-depressivos;
  4. Facilitar a cooperação com o tratamento;
  5. Oferecer técnicas não farmacológicas para lidar com pensamentos, emoções e comportamentos problemáticos;
  6. Ajudar a controlar sintomas leves sem necessidade de modificar medicação;
  7.  Ajudar a enfrentar fatores de estresse que podem interferir no tratamento ou precipitar episódios de mania ou depressão;
  8. Estimular o aceitar a doença;
  9. Diminuir trauma e estigma associados;
  10. Aumentar o efeito protetor da família;
  11. Ensinar habilidades para lidar com problemas, sintomas e dificuldades.

O monitoramento dos sintomas

Outro elemento importante da Terapia Cognitivo Comportamental é a identificação precoce do início de uma fase, para que uma intervenção efetiva a coloque sob controle, prevenindo problemas e internação. Isto é feito ensinando-se paciente e família a identificar e acompanhar os sintomas da síndrome.

A identificação dos sintomas visa a ajudar a pessoa e a família a identificar sintomas específicos das fases de depressão e mania, diferenciar os estados de humor normais dos patológicos, tomar consciência de sua situação clínica e lidar com conflitos familiares onde o problema é atribuído à doença do paciente.

São indicadores de humor normal:

  • A capacidade de sentar e ler um livro ou jornal por um bom período de tempo sem sentir-se entediado;
  •  a capacidade de ouvir uma conversa social;
  • não querer atingir os limites ou fazer algo arriscado,
  • conseguir completar tarefas com poucas distrações,
  •  sentir um pouco de ansiedade e preocupação sobre as exigências do dia-a-dia (responsabilidades, obrigações financeiras, etc.),
  • experimentar e ter prazer nos momentos de quietude e serenidade,
  • ser capaz de dormir bem à noite e ser capaz de aceitar críticas bem intencionadas sem se irritar.

São sinais típicos de hipomania ou mania:

  • Diminuição da necessidade de sono;
  • Níveis elevados de otimismo, com pouco planejamento;
  • Grande vontade de se relacionar com pessoas, mas com pouca capacidade de ouvir;
  • irritabilidade e impaciência crescentes;
  • comportamento agressivo;
  • agitação psicomotora;
  • Concentração diminuída;
  • Aumento da libido com diminuição da crítica e da vergonha;
  • Aumento dos objetivos, mas com pouca sistematização das tarefas.

São sinais típicos de depressão:

  • Tristeza sem motivo aparente;
  • perda de interesse por atividades que antes davam prazer;
  • perda de energia;
  • memória fraca e dificuldade de concentração;
  • isolamento social;
  • alterações do sono e do apetite;
  • redução significativa da libido;
  • sentimentos recorrentes de inutilidade;
  • culpa excessiva;
  • frustração e falta de sentido para a vida;
  • ideias suicidas.

Um dos primeiros recursos utilizados na TCC consiste na educação sobre o Transtorno bipolar. Essa educação é feita por meio de material informativo ao paciente e seus familiares, procurando elucidar os sintomas, causas e tratamento.

A falta de sucesso no tratamento de pessoas com transtorno bipolar, em alta percentagem, deve-se a ausência de comprometimento com o uso da medicação. Por isso, orientar sobre essa doença dizendo o que é, quais os sintomas, quais os tratamentos existentes, bem como a importância de tomar regularmente a medicação para estabilizar a patologia clínica maximiza a aceitação ao tratamento.

 Nas sessões iniciais da TCC a psicoeducação sobre o transtorno é o elemento principal, sendo importante a participação da família. Nas sessões intermediárias, o foco se dá na reestruturação cognitiva e na solução de problemas. Nas sessões finais, é realizada a prevenção da recaída.

Por fim, a TCC é um modelo de tratamento que atua no controle dos sintomas do transtorno, moderando oscilações de humor e mudando comportamentos, diminuindo recaídas e melhorando o funcionamento de cada indivíduo em seu meio social.

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